Resenha do meu livro: "Transviad@s: gênero, sexualidade e direitos humanos". Salvador: EDUFBA, 329 pp.

Por: Alisson Machado POSCOM/UFSM machado.alim@gmail.com


Berenice Bento poderia ser uma Alice travesti que não se contenta em atravessar o espelho ou comer um pedaço do bolo para mudar de tamanho. Para ela, pensar o gênero como metáfora de um espelho – como sinônimo de mulheres; ou da diferença cultural entre “homens” e “mulheres” baseada na distinção entre os “sexos” – não basta para destituir os reis e rainhas que insistem em pintar os jardins das mesmas cores e que autorizam que cortem as cabeças (sem metáfora) de nossas populações trans e travestis, diariamente. Da mesma forma, para essa Alice, não basta reproduzir os saberes estrangeiros, distantes demais de nossas realidades precarizadas e purpurinadas. Ela é antropofágica: transa o queer, parindo estudos transviados. Estudos que atentam às realidades brasileiras e latino-americanas, percebendo os resquícios políticos mais cruéis de nosso passado; a saber, nossa herança escravocrata e ditatorial, que ainda conforma o caleidoscópio vivo no qual quem não se adequa às cisheteronormatividades raciais vigentes insiste em viver.

http://dan.unb.br/images/pdf/anuario_antropologico/Separatas_vol_43_n2_dezembro2018/resenhas_machado.pdf?fbclid=IwAR0ecGu8L0LKIYZZuhP5CCHUifQizFyNOU2yOKC_swgIzNoC-L_0fT-3b68

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